De acordo com autores como Yochai Benkler, Robert Faris e Hall Roberts, de “Network Propaganda” (2018), um dos motivos do avanço da extrema direita no mundo tem a ver com a postura pretensamente neutra e generalista da imprensa tradicional. Isso porque, ao pautar as ideias dessa corrente política, em grande parte misóginas, racistas, classistas e antidemocráticas, a imprensa teria dado condições para que seus veículos furassem bolhas informacionais e se tornassem “mainstream” nos cenários políticos de diversos países, atacando inclusive veículos tradicionais e jornalistas. Os mesmos autores indicam que para conter o avanço da extrema direita, e também as crises econômica e de legitimidade da imprensa tradicional, seria necessária uma mudança qualitativa nos modos de se entender e fazer jornalismo, com produções cada vez mais situadas e posicionadas em relação aos públicos, aos contextos de informação e aos valores democráticos.

Ao mesmo tempo, testemunhamos no Brasil e em outros países a emergência de agências locais de notícias, como as escolas de jornalismo em regiões periféricas, e de produções jornalísticas antirracistas, feministas e ambientalistas que desafiam conceitos e práticas do jornalismo tradicional. Assim, perguntamos, em que sentido essas iniciativas constituem inovações e críticas ao jornalismo generalista e pretensamente imparcial dos veículos tradicionais? Em que medida esses veículos nos ajudam a reformular os princípios conceituais, éticos e técnicos em que se assentam o jornalismo moderno e contemporâneo? E por fim, como os fundamentos e modos de fazer desse jornalismo podem contribuir para o combate à desinformação e para a sobrevivência de um jornalismo crítico e democrático?

São essas as inquietações que nos movem a organizar nosso próximo seminário “Jornalismo situado e posicionado contra a desinformação: o que as escolas de jornalismo das periferias têm a nos ensinar?”, que o ocorrerá no próximo dia 09 de novembro, das 13h30 as 16hs, no Auditório Freitas Nobre do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA-USP. Teremos a presença de Cíntia Gomes, Diretora institucional e cofundadora da Agência Mural e do coletivo “Nós, Mulheres da Periferia”, e mestranda do programa de pós-graduação em Ciências da Comunicação da ECA-USP. Para debater com ela estará Edilaine Felix, jornalista, professora da Universidade Cruzeiro do Sul, pesquisadora do JDL e doutoranda do PPGCom da ECA-USP.

Seminário “Jornalismo situado e posicionado contra a desinformação: o que as escolas de jornalismo das periferias têm a nos ensinar?”

Expositora: Cíntia Gomes

Debatedora: Edilaine Felix

Mediador: Vitor Blotta

Data: 09 de novembro de 2022

Local: Sala 22 do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) da ECA-USP

Horário: das 13h30 às 16hs

Entrada livre

Leituras de referência:

LAGO, Claudia e GONÇALVES, Gean Oliveira e KAZAN, Evelyn Medeiros. Jornalismo na lógica descolonial: o caso do Nós, Mulheres da Periferia. 2019, Anais.. Goiânia: Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.eca.usp.br/acervo/producao-academica/002982384.pdf

FELIX, E. Coletivos periféricos de jornalismo: por um jornalismo decolonial e antirracista. Anais do 45o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (intercom), 2022. disponível em: https://www.portalintercom.org.br/anais/nacional2022/resumo/0715202211503562d17ebb9440c

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