Nestas notas acerca da palestra de Eugênio Bucci sobre Conceito de Jornalismo, Vitor Blotta aponta entre os problemas iniciais a posição contestatória do jornalista como sendo a questão mais urgente colocada. Afinal, no que consistiria contestar o poder? E de que poder estaríamos tratando?
Quanto a noção de imprensa no Brasil, acompanhando a visão de Reinhardt Koselleck – linha semelhante à lógica apontada por Eugênio Bucci na palestra quando se referiu à imprensa – o texto aponta que esta não seria resultado de uma diferenciação evolutiva da comunicação estatal, mas guardaria resquícios e similaridades em relação a esta. A partir daí, questiona o fato de a imprensa brasileira ser cunhada de pré-moderna e sugere o termo desdiferenciado.
Eugênio Bucci mencionou em sua palestra que em meio a esta diluição do conceito de jornalismo acaba se diluindo também a definição e a linha entre o jornalista e o assessor de imprensa . Há inclusive a menção às contradições no próprio Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros (FENAJ), que se esforça em unir as duas profissões contrastantes. Vitor Blotta, no entanto, coloca em cheque se estas são realmente tão antagônicas.
Baseado nas ideias trazidas pelo texto de Bucci, Blotta também reflete acerca da premissa de que jornalismo deve ser sempre conflito, para não se tornar então publicidade. Ele questiona a ideia de “crítica pela crítica”, alegando, no entanto, que este não é exatamente o argumento de Eugênio Bucci. Não seria por fim a moral jornalística flexível e provisória?
Nestas notas são enumerados ainda alguns pontos, como um ensaio de um conceito de imprensa e, em acordo com Eugênio Bucci, questionada a relativização da ética jornalística e a separação entre jornalismo desejado e o jornalismo de fato.
“Resolvendo somente os problemas de linguagem e normas éticas e profissionais não resolveremos as sobreposições indesejáveis de jornalismo e comunicação institucional.”
Jornalismo, Direito e Liberdade 